Equipe ABS-Rio

Relato do encontro do GD 95, de 28 de fevereiro de 2019, redigido por Alex Borges.

 

Vinho Madeira: um vinho fortificado, cujo inimaginável processo de fortificação foi descoberto ocasionalmente. De fato, era impensável que um vinho mais africano que europeu, com uvas incomuns e verdadeiramente nativas, as quais sabe-se lá como sobrevivem ao terroir da Ilha da Madeira – diga-se também como este elixir –, sobreviveu ao calor e à oxidação… Enfim, todas as condições adversas para a produção vinícola e, no entanto, este arcabouço de dificuldades faz que se produzam um vinho único e dos melhores da enofilia, bem como duvidoso à escolha em degustá-lo.

No dia 28/02, o Grupo 95 teve a oportunidade de degustar um quarentão, mas ainda jovem: ao repousar na taça chorava em lágrimas dada a sua alcoolicidade, deixando um rastro intenso, âmbar claro com reflexos granada. A sua transparência, associada à limpidez, propiciava uma cor muito boa, a qual despertou uma grande sensação de euforia no grupo – junto há 11 anos – e que na oportunidade degustava o seu quatrocentésimo vinho. Talvez isso tenha quebrado algumas dúvidas das “degustações”: o exame visual, para que serve? Podemos pular esta etapa? Qual prazer propicia? Tem que dar nota, se já sabemos qual será?

Todavia, este belíssimo Madeira propiciou sensações além das olfativas e gustativas. De fato, era um vinho franco e amplo, com toda a sua eteriedade sutilmente escondida, mas ávida por ser descoberta, ou seja, a cada exame olfativo descortinavam-se os aromas de café, amêndoa, baunilha, mel, caramelo, nozes, avelãs, figo, passas, espinheiro… e não paravam de brotar aromas que refletiam bouquets de sorrisos baquianos. O Madeira fazia com que aquele grupo ficasse mais suave do que já o é, como sápido, pois há de se ter equilíbrio na vida, como ser harmônico. E nesta sequência, o elixir fazia com que as faces se ruborizassem e esquentassem, deixando-as arredondadas e encorpadas, dada a qualidade ser muito fino e intenso.

Por fim, todos se despediram levando para casa, na memória, as sensações visuais e olfativas deste belíssimo vinho, bem como a gustativa a qual persistia em não nos abandonar.

In vino veritas!