Ana Maria Schall Gazzola

Numa recente degustação que organizei a pedido de um grupo de 11 confrades e confreiras, com uma curta lista de rótulos – um branco, três tintos e um Vin Santo -, inseri uma surpresa no meio dos tintos. Foi uma ótima surpresa tanto para mim como mais ainda para os confrades!

Para se ter um painel representativo de vinhos tintos da Toscana (Itália) com poucos rótulos, escolhi um Chianti que teria que ser um bom Chianti e de bom preço. Optei por um Clássico, que representa a região mais central e original da área dos Chiantis, um “galo nero”. O representante degustado foi o Chianti Clássico DOCG 2014 com 13% de teor alcoólico, também do produtor Rocca delle Macìe.

Escolhi também um Brunello di Montalcino DOC 2012 com 15% de álcool, do produtor Caprili, e um Super Toscano: Coronato DOC Bolgheri 2010, com 14ºGL.

Iniciamos os trabalhos com o vinho branco da uva Vermentino, da qual gosto muito, Occhio A Vento 2014 13% de álcool, um IGT (Indicação Geográfica Típica) – Rocca delle Macìe –  com uvas de Maremma.

Apesar da uva Vermentino ser originária da Ligúria, foi plantada com muito sucesso na Toscana, nas proximidades do mar, em Maremma, que fica na atualmente famosa Zona de Bolgheri. Uva pouco conhecida, mas sempre muito apreciada nos vinhos, quando de bom produtor, no caso. Cor linda amarelo ouro claro, já refletindo o dourado nas bordas da taça. Aromas muito agradáveis de frutas bem maduras e compotas com toques de baunilha e uma boa mineralidade. Na boca conquistou o grupo com sua presença, estrutura, cremosidade, equilíbrio e retrogosto longo de frutas maduras amarelas desidratadas e especiarias, confirmando os aromas sentidos.

Todos do grupo apreciaram muitíssimo! Tanto que não sobrou nada das duas garrafas, para ser provado ao final com as comidinhas trazidas pelos confrades.

Na sequência, foram servidos, ao mesmo tempo, os três tintos já mencionados e acrescentei uma surpresa: um Sangiovese brasileiro, que só revelei após a degustação ter sido “às cegas” e de ser votado qual o preferido dos quatro tintos. Todos foram muito apreciados, mas o resultado foi:

  • Seis votos para o brasileiro que foi servido em segundo lugar, logo após o Chianti.
  • Quatro votos para o Brunello.
  • Um voto para o Chianti.
  • O brasileiro Sangiovese 2013 com 13ºGL da Vinícola Leone di Venezia, de São Joaquim – Santa Catarina – Brasil, agradou pelos seus aromas complexos e intensos de frutas vermelhas em compotas, especiarias, chocolate, entre outros; na boca sua elegância e estrutura com taninos macios maduros em equilíbrio com sua sapidez correta e longo final. Pronto para tomar, mas ainda com um bom potencial de guarda. Ninguém nem cogitou que não fosse um vinho italiano, nem do Novo Mundo!

Eis aí um exemplo da qualidade que nossos vinhos estão alcançando. Vale a pena experimentar! Será que seria esse o resultado se a degustação fosse às claras?

E para terminar, não poderia deixar de ser o Vin Santo del Chianti 2010, com 17%, Rocca delle Macìe, que estava santamente delicioso!

Ana Maria Gazzola
(maio/2018)