Equipe ABS-Rio

Considerada por muitos especialistas como o berço do vinho, após descoberta de vestígios de vinificação em ânforas datados de 8 mil anos atrás, a Geórgia é um país localizado no extremo leste da Europa, nas montanhas do Cáucaso. Seu território pertencia à União Soviética até 1991 e é rodeado por Rússia, Armênia, Azerbaijão e Turquia.

Devido às suas características naturais de clima e solo, abriga mais de 500 variedades nativas de uvas, e dentre as mais conhecidas podemos citar saperavi, rkatsiteli, Kisi  e shavkapitoekisi. Além disso, possui seu método tradicional de vinificação utilizando grandes recipientes de barro, enterrados no chão: os Qvevri.

Nesse sentido, a ideia da degustação era identificar na prática como uma mesma uva é impactada de acordo com o método de elaboração empregado. Dos vinhos degustados, dois foram feitos pelo método tradicional georgiano e dois pelo método moderno (utilizado na Europa), sendo eles:

  • Qvevri Saperavi Rustaveli 2017
  • Napareuli Shilda 2016
  • Rustaveli Kisi Qvevri 2018
  • Kisi Shilda 2018

Para melhorar o entendimento prático, a proposta colocada foi para que degustássemos os vinhos em par, cada um de um método de elaboração, para identificarmos as diferenças.

Iniciamos pelos brancos, elaborados coma uva Kisi. O vinho obtido pelo método tradicional apresentou cor amarelo palha e aromas que remeteram a flores brancas, frutas cítricas, maçã verde. Uma acidez bem marcada e boa refrescância.

Já o obtido pelo método georgiano, foi apontado como muito similar aos vinhos laranjas, que estão em ascensão no momento. Apresentou coloração alaranjada e aromas que remeteram à pera, marmelo, casca de laranja. Uma excelente estrutura e taninos bastante finos! (Sim, taninos no vinho branco!)

Após a rodada de degustação dos brancos, conversamos um pouco mais sobre a cultura do vinho na Geórgia e as práticas de viticultura, e, então, iniciamos a parte dos vinhos tintos.

Para os tintos, a turma ficou um pouco mais dividida, porém a maior parte preferiu o vinho elaborado pelo método moderno. Algo bastante comentado e, talvez, até um pouco peculiar para o nosso paladar, foi a questão da rusticidade tânica encontrada no tinto elaborado pelo método tradicional georgiano.

O tinto elaborado pelo método moderno apresentou coloração rubi escura e aromas que remetem à groselha preta e especiarias. Boa acidez, corpo médio e taninos macios. No caso do elaborado pelo método georgiano, observamos coloração violácea e aromas que remeteram a frutas negras e notas de cravo e especiarias. Boa acidez, encorpado e com taninos bastante rústicos. Provavelmente mais alguns anos em garrafa ajudarão a amansar as sensações gustativas!

Este evento aconteceu no último dia 20 de maio, de forma online, transmitido pela plataforma Zoom. Os participantes receberam, em suas casas, um kit com uma dose de 60 ml de cada vinho. Foi um encontro bastante proveitoso. Nos comentários finais, os participantes elogiaram o método comparativo empregado e o tema, pois se tratava de algo diferente do que estamos acostumados no nosso dia a dia.

por Saulo Moura, professor na ABS-Rio.

Saulo Moura da Silva, é especialista com certificado internacional em Vinhos e Destilados (nível 3) pela WSET London (Wine & Spirits Education Trust), e também em vinhos da França: FWS (French Wine Scholar) pela Wine Scholar Guild, teve sua formação básica realizada na ABS-Rio. Engenheiro, entrou no mundo dos vinhos em 2008. De lá para cá, são mais de 2400 notas de degustação, participação em bancas julgadoras, participação em cursos de imersão em vinhos da Argentina, Portugal, África do Sul e Bordeaux, além de viagens enológicas por destinos como Austrália, África do Sul, Portugal, dentre outros. É autor e editor do site www.curtindovinhos.com (e mídias sociais de mesmo nome), e também instrutor particular de grupos e confrarias.

 

Siga ABS-Rio:
https://www.instagram.com/abs_rj
https://www.facebook.com/absrio.oficial
Visite nosso canal no YouTube