Roberto Rodrigues
Associado desde 1992, ex-diretor e professor da ABS-Rio. www.rrvinhos.com.br

A Confraria Des Amis du Mouton (grupo de degustação A-71 da ABS-Rio) teve uma noite muito interessante e didática, em 29/01/2020, com quatro vinhos antigos (dois chilenos e dois mendocinos) e, como sempre, algo mais.

Todos os vinhos foram degustados às cegas e, no início, os participantes sequer sabiam sobre suas origens.

Foram degustados:

  1. Memórias Valette Fontaine 2001 DO Valle del Maipo, de El Principal, Chile, Maipo, (Casa do Porto, adegado há muitos anos), RR = 91,0 e Grupo = 92,4.
    Evoluiu muito bem e está no auge. Depois de aberto permaneceu com aromas cada vez mais doces e agradáveis. Muito interessante. Trata-se do segundo vinho da primeira fase desta vinícola, que mudou seu perfil de vinhos.
  2. Caballo Loco No. 5 , de Valdivieso, Chile, Valle Central (Bruck Importadora, adegado há muitos anos), RR = 90,0 e Grupo = 91,4.
    Cada edição é feita com 50% do vinho anterior e 50% de vinhos da safra. As castas não são informadas e podem mudar a cada ano. A última edição lançada foi a de número dezessete, o que implica dizer que a garrafa degustada deve ser de 2005 ou anterior. Bom, mas é mais marketing do que qualidade, que vem decaindo a cada nova edição.
  3. Cheval des Andes 2014, de Cheval Blanc & Terrazas de los Andes, Argentina, Mendoza (adquirido no exterior e adegado), RR = 93,0 e Grupo = 91,9. Ao ser aberto quase todos imaginaram que fosse um vinho do velho mundo, com muito mais elegância que os anteriores. Muito bom, mas ainda no início de sua evolução.
  4. Cheval des Andes 2004, de Cheval Blanc & Terrazas de los Andes, Argentina, Mendoza (adquirido no exterior e adegado há anos), RR = 94,0 e Grupo = 93,7.
    Safra antiga, muito boa. As notas apresentaram pequeno desvio padrão (quase todas iguais). Evoluiu muito bem. Todos pensaram tratar-se de um vinho mais novo. Menos álcool torna-o mais europeu. Ainda com muita vida pela frente; e deve melhorar ainda mais com o tempo.

Quanto à parte didática, os vinhos foram uma aula sobre evolução da cor. O primeiro vermelho acastanhado, depois vermelho alaranjado, vermelho rubi e, o último, vermelho granada. Muito interessante mesmo, pois as cores eram nitidamente distintas.

Foram selecionados vinhos disponíveis em minha adega que mostrassem essa evolução. Neste caso os mendocinos superaram em muito os chilenos, o que poderia ser diferente se os vinhos fossem outros.

Destacou-se a finesse e a elegância do Cheval des Andes nesta minivertical, tendo isso gerado muita discussão sobre como evoluem bons vinhos.

Como é praxe entre os Amis du Mouton, tivemos outros dois vinhos servidos às cegas, sendo que o primeiro sequer quem vos escreve sabia qual seria. E também como é comum, depois dos tintos passamos a um branco e um espumante

Foi degustado inicialmente:

  • Masso Antico 2018 IGP Fiano Salento, de Cantine di Ora-Ora, Itália (adquirido na Itália em recente viagem), RR = 86,0 e Grupo = 88,3.
    Vinho correto, porém simples. Mas sem nenhum problema. Preço na Itália: Eu$ 3,99.

Este é um vinho sem grandes pretensões, mas muito correto, o que foi ótimo para conversarmos sobre os vinhos anteriores.

Por último degustamos:

  • Champagne Montaudon Blanc de Noirs Brut nv, de Montaudon, França, Champagne, R$ 289,00 (na wine.com.br), RR = 93,5 e Grupo = 93,7.
    Champagne muito interessante, produzido a partir de Pinot Noir. Muitos prêmios, custa 28 euros na França. Tradicional e complexo. Muito bom mesmo.

Mais uma noite de excelentes vinhos.

Se você é associado da ABS-Rio e gostou desta degustação, fique atento: esta confraria tem duas vagas em aberto e você pode participar da mesma (entre em contato com a Secretaria).