Fruto da cerejeira, com polpa suculenta, doce e comestível, a cereja tem uma fragrância agradável e discreta, facilmente reconhecível em licores e geleias. Nos vinhos, resulta da presença de benzaldeído, composto surgido na fermentação e cujo odor lembra a cereja.
Segundo os italianos, a planta foi introduzida na Europa pelo general romano Lucullus que a teria trazido da cidade de Cerasus, na Turquia (atualmente Girasum). Assim, o nome cereja (em francês, cerise) vem de Cerasia, ou seja, procedente de Cerasus. Por sinal, desta mesma forma se originaram as palavras pêssego, que vem de persicum, ou seja, procedente da Pérsia; e ameixa, que vem, bem de longe, de damascena, procedente de Damasco.
O aroma de cereja é típico de vinhos tintos leves ou de médio corpo, particularmente os da Pinot Noir, surgindo também praticamente em todos os vinhos rosés.
Já a groselha é fruto da groselheira, arbusto de pequeno porte com frutos vermelhos de aroma sutil sui generis e sabor refrescante, adequados para a elaboração de xaropes e geleias. Nos vinhos rosados, onde aparece sempre, resulta da presença de Salicilato de Benzila, composto orgânico formado na fermentação cujo odor lembra a groselha.
Seu nome vem do alemão kräuselbeere (“bago crespo”), pelo francês groseille. Em boas safras o Malbec francês, de Cahors, tende ao aroma de groselha, ausente em geral no Malbec tinto argentino; mas sempre presente, porém, no Malbec Rosé de Mendoza.
Fonte: Livro Degustando Vinhos, de minha autoria (Editora Mauad, 2016, 280 páginas).