Lá se vão 20 anos desde que estive pela primeira vez na propriedade dos Valduga, no Vale dos Vinhedos, época em que sua razão social era ainda Luiz Valduga e Filhos Ltda.
À época, por ser um diretor da ABS-Rio em visita a Bento Gonçalves, fui recebido pelo presidente da empresa Juarez Valduga, que ofereceu e dividiu comigo um surpreendente Cabernet Sauvignon, aromático, concentrado, aveludado, assinado por João Valduga, o enólogo da família. Confessei, na ocasião, que se a degustação tivesse sido às cegas, não teria conseguido identificá-lo como um vinho brasileiro dos anos 90. Lembrei a ele esse fato quando nos encontramos em Düsseldorf na Prowein 2018 e, recentemente, no Rio, após a palestra que proferiu no Rio Wine and Food Festival.
Naquele longínquo mês de maio de 1999, boa parte do vinhedo passava por trabalhos de melhoria com a conversão da condução em latada para espaldeira, resultando em arejamento das fileiras, possibilidade de mecanização, facilidade na colheita e sobretudo, exposição solar adequada.
Cinco anos depois a empresa passaria a se chamar Casa Valduga, nome pelo qual ficaram conhecidos e famosos, em todo o Brasil, seus brancos, rosados, tintos e espumantes elaborados sob a batuta do João. De lá para cá, contrastando com a desesperadora inércia que tomou conta do país nos últimos anos, a expansão e a diversificação das atividades da Valduga ocorreram em ritmo frenético.
O que era um vinhedo limitado da Linha Leopoldina, complementa-se agora com plantações em Encruzilhada do Sul, na Serra do Sudeste e na Campanha Gaúcha somando 300 hectares de vinhas próprias. A produção de vinhos chega a inacreditáveis dois e meio milhões de litros, elaborados em instalações modernas com capacidade de estocar quatro milhões de litros.
Isso é tudo? Não. A inquietação empresarial de Juarez e seus familiares não o permite.
Utilizando o potencial das videiras, entrou no ramo do suco de uvas, da grapa e dos cosméticos vitícolas. Passou a comercializar também comestíveis finos, geleias e gelatinas, além de cervejas artesanais, instalando para isso a filial Casa de Madeira. Em consequência da necessidade de colocar tanta coisa no mercado, entrou para a área comercial criando a importadora e distribuidora Domno, atuante em todo o país. Casa Valduga, Casa da Madeira e Domno constituem agora a internacional Famiglia Valduga Company.
Ufa! Se há algo na área produtiva de que os brasileiros podem se orgulhar, isso pode ser encontrado na vitivinicultura gaúcha, onde famílias de ascendência italiana de destaque conseguiram prosperar contornando mil dificuldades, dedicando-se ao trabalho honesto e produtivo. Se me permitem a afirmação, Familia Valduga inclui-se entre os mais importantes desses destaques.