No mês de março passado minha posição de sócio da Bodega Otaviano (Vinhos Penedo Borges de Mendoza, Argentina) levou-me de volta a Düsseldorf, Alemanha, onde estagiei ainda jovem como engenheiro recém-formado. Meu interesse, naquela época distante, era a siderurgia. O mundo deu voltas, muitas voltas, e retornei agora com um interesse bem diferente, a vinicultura.
Chegando lá, meu destino era o Parque de Exposições de Düsseldorf, onde anualmente é realizada, por três dias, a PROWEIN, a mais importante feira de vinhos do mundo, congregando em um único espaço produtores e compradores dos cinco continentes.
Nessa versão de 2018 compareceram 64 países, sendo que somente Itália, França e Alemanha contaram em conjunto com mais de mais de 4.000 expositores, em stands individuais ou compartilhados, correspondendo a, aproximadamente, 60% do total de 6.800 expositores.
Não se trata de novidade. A feira encontra-se em sua edição de número 25, pois a primeira deu-se em 1994. Chama a atenção, de qualquer forma, a pujança do mercado mundial de vinhos que levou 60 mil pessoas – produtores, compradores, traders, importadoras e exportadoras, enófilos em geral – àquela bela e civilizada cidade às margens do Rio Reno.
Inúmeros negócios foram fechados entre fornecedores e compradores em transações que se contam, em alguns casos, em milhões de dólares ou euros.
Nós, sul-americanos do Cone Sul, marcamos presença em um dos espaços nobres, cobertos e com calefação, à disposição de produtores não europeus. Ali, ao lado de regiões ou paises tão díspares como Califórnia, China e África do Sul, encontravam-se os stands de Argentina, Brasil, Chile e Uruguai, o que aponta para importante alteração no Atlas Mundial do Vinho na medida em que tais países eram praticamente desconhecidos como produtores de vinho trinta anos atrás.
A procissão de interessados internacionais que passa pelos corredores pode, então, constatar e atestar o progresso da indústria vitivinícola na América do Sul, elogiando e surpreendendo-se com a qualidade, a diversidade e a especificidade de seus brancos, tintos e rosés, dos seus espumantes e dos vinhos de sobremesa, em particular do Malbec argentino, do Merlot brasileiro, do Carmenère chileno e do Tannat uruguaio.