Bouchard Bourgogne Chardonnay – La Vignée – 2014 – 12,5% (chardonnay)
Bouchard Pére & Fils – Cote de Beaune – Borgonha – França
A Domaine Bouchard Père & Fils foi fundada em 1731, em Beaune, por Michel e Joseph Bouchard, sendo uma das vinícolas mais antigas de toda a Borgonha. Uma fortaleza construída pelo rei Louis XI datada do século 15, cujas torres edificadas se mantêm de pé. As caves subterrâneas, ainda em uso, abrigam uma coleção com cerca de duas mil garrafas de suas melhores safras desde 1846, onde a família Bouchard escreveu sua história por séculos. Em 1995 a vinícola foi vendida para uma família muito antiga de Champagne, comprometida em manter a tradição dos fundadores. As apelações regionais, como é o caso, representam mais da metade dos vinhos da Borgonha, com uma grande variedade de sabores e qualidades. A propriedade total da vinícola se estende por 48 km de norte a sul e abriga cerca de 450 parcelas diferentes de vinhedos. O La Vignée é considerado pela Bouchard como uma iniciação à casta Chardonnay, sendo a safra de 2014 chamada pelo produtor de “uma primavera esplêndida para uma safra de guarda”. A colheita é feita a mão em pequenas caixas e selecionadas em esteiras de triagem. Passa oito meses em barricas francesas (20%) e tanques de inox (80%) e tem potencial de guarda de seis anos. Um vinho jovem, elegante e perfumado, com bom bouquet aromático, redondo e com muita fruta. Ótimo para bebericar ou para acompanhar comida. Deve ser servido de preferência a 8º C e casa bem com bacalhau assado, moqueca, frituras, saladas e risoto de limão siciliano. É distribuído pela Grand Cru.
Comentários dos degustadores: Vinho muito fresco e agradável, amarelo-palha muito claro. Sua apresentação, da garrafa à taça, é de uma interessante elegância. Aromas de frutas claras frescas, muito intenso e persistente (nota 20), podendo-se notar alguma mineralidade. Na boca, é seu ponto mais alto. De um excelente equilíbrio, percebe-se aos poucos o álcool e a acidez, que disputam um lugar em seu palato. Aroma de boca muito fino e de ótima intensidade, com uma persistência que perpetua os bons momentos de sua degustação. Em uma só palavra: delicioso! Apesar de somente 20% passarem na barrica, pode-se perceber a sua capacidade e bom potencial para alguma guarda, como indicado pelo produtor. Ganhou nota média 90,5 (monitor 92). Um excelente Chardonnay da Borgonha para quem quer fazer um bom acompanhamento em seu prato de entrada de um belo jantar.
Quinta das Maias Dão – 2011 – 13,5% (Touriga Nacional 70/Jaen 20/Tinta Roriz 10)
Quinta das Maias – Dão – Portugal
Em 1897 já existiam registros nos cartórios sobre a Quinta. Muito se perdeu daquele tempo, mas lá ainda resta a antiga adega de granito. A recuperação começou há alguns anos e a quinta já possui 35 ha de terras, sendo 13 de vinha velhas e 22 recentemente plantadas. A Jaen é uma das mais antigas. Desde 1992 as uvas são vinificadas na Quinta dos Roques e a produção atual é de cerca de 80 mil litros. Este é um legítimo vinho do Dão, da sub-região de Gouveia, nos sopés da Serra da Estrela. Uma região protegida em três lados por altas montanhas de granito, com pouca influência atlântica e beneficiada por verões quentes e longos, bem como chuvas de inverno às vezes abundantes. Os solos são arenosos e graníticos, de excelente drenagem.
Um corte diferente de uma casta portuguesa (TN) com a Jaén (na Espanha: Mencía) e Tinta Roriz (na Espanha: Tempranillo). De cor rubi, intenso e límpido. O perfume de cerejas negras vem permeado por caruma (folhas de pinheiro), violeta e ervas frescas. Suculento em boca, com ótima estrutura. Moderadamente encorpado e tânico, com boa acidez, pode ser bebido ou guardado por até 10 anos. As uvas são selecionadas na esteira e seu esmagamento é feito após total desengace. A fermentação ocorre em tanques de inox com leveduras selecionadas, à temperatura de 28-30°C. Maceração de 12 dias, com remontagens delicadas. Após a fermentação, procede-se ao envelhecimento em carvalho por seis meses. Leve filtração por placas de celulose antes do engarrafamento. O distribuidor sugere servir a 16º C, acompanhando bacalhau com natas, leitão assado à pururuca, perdiz estufada com feijão branco, cabrito assado. Ou, como consta no site da Quinta, encontram-se disponíveis para os visitantes as alambicadas de cabrito à moda dos pastores da Serra da Estrela, feitas na hora em panelas de ferro de três pés; almoços ao ar livre com as receitas tradicionais da região, como o célebre arroz de carqueja, a morcela da Beira com grelos ou o requeijão com doce de abóbora. Fica a seu gosto! Vinho distribuído pela Decanter.
www.vinta.pt/quinta-das-maias.html
Comentários dos degustadores: Um ótimo custo/benefício. Vinho de cor muito escura, rubi, bastante brilhante e que, ao ser servido, já mostra sua beleza. Uma intensidade média e persistência igual reduziram um pouco a sua avaliação olfativa, embora mostrasse frutas escuras maduras e uma sedutora violeta. Contudo, superou-se na boca. Muito bom equilíbrio, discreto no álcool e no tanino, com bom aroma de boca e muita intensidade e persistência gustativas. Poderia ser dito que é um vinho gostoso! Bom para um jantar, para o último prato. Deixa um fundo de boca que pede mais, frutado, fresco. Foi avaliado com nota média 90,14 (monitor 90).
Pedro Ximenez Solera 1927 (Alvear) – 1927 – 16% (px)
Bodegas Alvear – Montilla – Espanha
Originária de Burgos (Castilla y Léon), a família Alvear chegou a Montilla (ao sul de Córdoba) no início do século XVIII. Diego de Alvear y Escalera fundou a vinícola em 1729 e é hoje uma das bodegas de maior prestígio na região de Andalucia. O método de produção dos vinhos de solera (utilizado nos Jerez) utiliza a crianza dos vinhos “generosos”, de onde se vai retirando parte do vinho mais antigo das botas (tonéis de 550 litros, de carvalho americano), para as soleiras (os barris que ficam mais perto do solo, daí o nome soleira). Por sua vez, a parte retirada dos barris superiores (chamados de criadera) é substituída pela colheita mais recente. O método de soleira leva vários anos até ter a idade e corte adequados, sendo, portanto, bastante trabalhoso e custoso. O resultado desse método, contudo, é muito compensador, pois gera vinhos saborosos, untuosos, uma verdadeira sobremesa por si só! Esse vinho tem em seu corte vinhos de 1927, resultando no ano informado no rótulo. A produção se faz de uvas passificadas ao sol, com uma maturação posterior em carvalho americano, com retiradas e adições que podem durar cinco anos. Resultado varietal das uvas Pedro Ximenez, é uma bebida de cor âmbar (o produtor identifica como cor de mogno), muito escura e brilhante, muito elegante. No nariz denotam-se aromas de frutas secas e passas, nozes, figos caramelizados, muito intenso e persistente. Na boca é doce, saboroso, encorpado, muito denso, com mel e passas, e longa persistência. Pode ser degustado de 10 a 12 C, sozinho, após a refeição, ou acompanhando castanhas, petiscos à base de carne de porco, sobremesas com caramelo ou doce de leite e queijos azuis. RP atribuiu-lhe uma nota 96 e o Guia Peñin de Espanha, 90. Este vinho é distribuído pela Península.
www.alvear.es
Comentários dos degustadores: Que delícia! Um verdadeiro néctar dos deuses. Figos, mel, passas, melaço, no nariz, muito intenso, persistente e admirável. Nota 22 no olfativo. Ao ser degustado, deixa-se a sobremesa de lado. Só ele já serve! Pontuação máxima na qualidade do aroma de boca, e quase máxima no equilíbrio, persistência e intensidade gustativas. Os 16% de álcool apareceram um pouquinho mais do que deviam. E a cor? Que cor! Vale uma obra de arte. Um âmbar brilhante que enche os olhos. Nota média 94,5 (monitor 94). Somos “rigorosos”!