Conhecer o Celio Alzer foi uma dádiva. Amigos há quase 40 anos, vivenciamos juntos muitas coisas que os amantes do vinho desfrutam e irão desfrutar para o resto da vida. Descobrimos juntos os então pequenos e pouco significantes vinhateiros dentro do cenário nacional, o maior exemplo talvez tenha sido o Oscar Guglielmone, em Viamão, na grande Porto Alegre. Celio e eu vivenciamos os primórdios dos Valduga, Miolo, Maison Forrestier, Carrau, Cave Geisse, Cooperativa Vinícola Aurora, a própria Chandon, quando ainda produzia vinhos tintos em Garibaldi, entre outros.
Ele foi um dos meus primeiros alunos, um radialista que tinha um programa excepcional na rádio JB e vinha tranquilamente assistir às aulas quando a Associação ainda estava em Copacabana, no primeiro andar do então meu restaurante Enotria. Foi ele, junto com outro amigo, ambos de Niterói, na realidade da região Oceânica, que descobriu a minha paixão, e foram contaminados para sempre.
O amigo, que também não está mais aqui entre nós se chamava Edson Lencastre, e foram esses dois que me ajudaram a fazer crescer a ABS, junto com outros confrades, e me convenceram de que seria preciso encontrar um lugar melhor, mais confortável, para que as pessoas pudessem assistir às aulas. Daí, o pulo grandioso: nos transferimos para a nossa sede, na Praia do Flamengo, 66, sala 301.
Uma carreira brilhante, que esse meu amigo irmão, estudioso e dedicado professor acompanhou, durante toda a trajetória e da inteira ABS.
A partir desse momento, a Associação não parou mais de crescer. Fundamos a ABS SP, íamos para a capital paulista dar aulas, uma delícia, descobrir pessoas, fazer novos amigos.
Mas o imortal Celio cresceu muito, foi caminhando, sempre estudando. Fizemos várias viagens internacionais juntos e visitas ao Rio Grande do Sul. Participamos das primeiras degustações dos vinhos nacionais, que se tornaram, posteriormente, e, até hoje o é, um dos maiores eventos de degustação do mundo.
Enfim, uma vida dedicada, diria, metade para a música e a outra para o vinho. Amava dar aula de espumantes, amava dar aulas de harmonização de QUEIJOS E VINHOS, em suma… um grande profissional.
Sempre será lembrado como Professor Celio. Os profissionais da restauração, os amantes do vinho, todos os produtores sempre se lembrarão do Celio pela sua bela e bem entoada voz, a sua marca (de radialista).
Escrevemos livros juntos, fizemos programas de rádio, o primeiro do Brasil… Enfim, Celio fez – e faz – parte da história do vinho brasileiro. Adorei tê-lo conhecido e estar ainda me lembrando de situações com ele.
Celio jamais será esquecido. Sempre estará conosco e, por isso, o saúdo levantando uma taça de Champagne que ele tanto amava.
Saúde Celio, descanse em paz e nos abençoe do alto do céu para que todo o nosso e, especialmente, o seu trabalho, possam continuar fazendo crescer essa legião de amantes do vinho.
Ciao, Celio………
Danio Braga