Roberto Rodrigues
Associado desde 1992, ex-diretor e professor da ABS-Rio. www.rrvinhos.com.br

Repetindo o clima do segundo semestre de 2019, a Confraria Des Amis du Mouton (grupo de degustação A-71 da ABS-Rio) teve uma noite espetacular, em 15/01/2020, com quatro vinhos do Pomerol e algo mais.

A degustação foi às cegas, e os participantes desconheciam a origem dos vinhos (foram comprados em França). Logo após a degustação do primeiro vinho a maioria acertou que era do Velho Mundo, da França e de Bordeaux, mas só alguns ousaram dizer que era da margem direita, e um disse que era um Pomerol.

Foram degustados:

  • Château La Conseillant 2014 AOC Pomerol, de Heritiers Louis Nicolas, França, Bordeaux, Eu$ 116,65 (Exterior), RR = 88,0 e Grupo = 90,8 com WS=93
    Muito bom vinho, mas ainda no início de sua vida, tem potencial de muitos anos pela frente. Aromas muito interessantes, mas a boca ainda não corresponde ao olfato.
  • Château L’Evangile 2011 AOC Pomerol, de Domaines Barons Rothschild, França, Bordeaux, Eu$ 120,25 (Exterior), RR = 91,0 e Grupo = 92,3 com WS=93
    Bom vinho. Um curioso e interessante final salgadinho que agradou a todos.
  • Château Latour à Pomerol 2009 AOC Pomerol, de Château Latour à Pomerol, França, Bordeaux, Eu$ 92,70 (Exterior), RR = 91,0 e Grupo = 92,3 com WS=93
    Vinho muito interessante. Mostrou-se no início do amadurecimento, mas com vida pela frente.
  • Château Gazin 2006 AOC Pomerol, de E. de Baillencourt, França, Bordeaux, Eu$ 80,65 (Exterior), RR = 93,0 e Grupo = 93,3 com WS=93
    O vinho se mostrou maduro, no auge de sua evolução. Foi o melhor para ser degustado hoje dentre os quatro, e esta opinião foi unânime.

 

Ao preparar este texto, pesquisamos as notas dos vinhos degustados na Wine Spectator e todos receberam nota 93! Já a nossa opinião foi diversa. Notando-se que, para o grupo, os vinhos 2 e 3 (L’Evangile e Latour à Pomerol) empataram na média até na segunda casa decimal, embora a maioria tenha preferido o Latour à Pomerol devido a sua evolução, mas tecnicamente são muito similares.

O que deve ficar é que em Bordeaux a margem direita tem excelentes vinhos (não muito baratos, registre-se) e que não são classificados como Grand Crus. Na verdade, alguns dos vinhos desta noite são melhores que muitos Grand Crus já degustados pela Confraria.

Como é praxe entre os Amis du Mouton, tivemos outros dois vinhos servidos às cegas, sendo que o segundo sequer quem vos escreve sabia qual seria.

Foi degustado inicialmente:

  • Dal Pizzol Assemblage Milennium 2000 nv, de Dal Pizzol, Brasil, Serra Gaúcha, RR = 88,0 e Grupo = 89,1
    Edição comemorativa da vinícola, lançada em 1999 para a virada do milênio, em garrafa de três litros (Jereboam). Corte de Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e Tannat, feito com vinhos da reserva Dal Pizzol e da safra 1999; por isso não ostenta safra em seu rótulo.

Este vinho tinha começado a vazar pela rolha na adega de quem vos escreve, e a garrafa foi aberta no dia 02/01 e feita a trasfega para quatro garrafas comuns, sendo então arrolhadas para serem degustadas. Devido a isso apresentou um ligeiro toque de oxidação que fez com que a nota fosse menor do que provavelmente mereceria.

Os presentes pensaram tratar-se de um vinho de Bordeaux mais antigo, e mais rústico, e ficaram surpresos ao saberem  que era um vinho brasileiro.

Last but not least, foi degustado o vinho levado por um dos confrades:

  • Fincas Notables Merlot 2015, de El Esteco, Argentina, Salta, RR = 89,0 e Grupo = 90,3
    Bom vinho, que nitidamente se mostrou como um vinho do novo mundo. Não fez feio perante os demais, embora tenha menos elegância e, provavelmente, menos longevidade.

Uma noite de excelentes vinhos. Santé!

Gostou desta degustação e gostaria de participar de outras de mesmo estilo? Entre em contato com uma das secretarias para saber se há vaga em algum grupo.