Roberto Rodrigues
Associado desde 1992, ex-diretor e professor da ABS-Rio. www.rrvinhos.com.br

A Confraria Nova (grupo de degustação A-110 da ABS-Rio) sempre gosta de conhecer novas regiões e também castas – e, como é comum no Brasil, pouco degustam vinhos brancos.

Dentro deste espírito preparei uma noite com vinhos da casta Riesling e, sem eles saberem, vinhos com idades variadas era o foco e não de onde vieram; além disso todos eram vinhos Grand Cru.

A casta Riesling (nada a ver com a Riesling Itálica tão comum em espumantes brasileiros mais simples) é uma das melhores castas brancas em cultivo na atualidade, capaz de fazer vinhos de grande longevidade e agradabilidade. Trata-se de uma das castas alemãs mais antigas, e sua origem, provavelmente, foi em Rheingau na parte norte do rio Rhein. Segundo Jancis Robinson sua mais antiga menção data de 1435. A Riesling se adapta muito bem a climas mais frios, e sua grande expressão se dá na Alemanha, na Alsácia (França), na Áustria e no norte da Itália, mas há bons vinhedos também em Finger Lakes e alguma coisa no Chile (Sul) e na Argentina (Mendoza).

Todos os vinhos foram degustados às cegas, em 04/02/2020, e os participantes nada sabiam sobre os vinhos.

Foram degustados:

  • Riesling Grand Cru Pfingstberg 2011, de Valentin Zusslin, França, Alsace, R$ 616,00 (Premium), RR = 91,0 e Grupo = 91,0 com WS=88
    Ainda com muita vida pela frente. Um riesling como deve ser, com mineral e salgadinho no final. Dois confrades identificaram imediatamente que se tratava de um Riesling pois é uma casta bem distinta das demais.
  • Riesling Trocken Forster Pechstein Grand Cru 2005, de Dr. Bürklin-Wolf, Alemanha, Pfalz, US$ 132.00 (Mistral), RR = 92,0 e Grupo = 92,2 com WS=89. Obs.: Comprado a tempos e adegado, não disponível atualmente.
    Muito bom Riesling, mais fechado no nariz do que o primeiro, mas melhor no gustativo.
  • Riesling Grand Cru Steinklotz 1999, de Laugel, França, Alsace, (foi importado pela World Wine, adegado há mais de 15 anos), RR = 91,0 e Grupo = 92,0
    Excelente vinho, porém, demonstra que já foi melhor, ou seja, deveria ter sido degustado um pouco antes no tempo. Aromar bem etéreos e muito interessantes.

Os participantes ficaram divididos em suas preferências entre o primeiro (mais típico do que deve ser um Riesling de qualidade) e o segundo (mais evoluído e com o gustativo de qualidade ímpar). Foi possível ter uma boa noção do que de melhor a casta tem a oferecer, quando produzida com esmero.

Mas como a noite ainda era uma criança, degustamos também um bom tinto e um vinho de sobremesa (pena que não era um Riesling).

O Château Pichon-Logueville du Baron 2003 AOC Pauillac, França, Bordeaux, Eu$ 116,00 (Exterior), RR = 94,0 e Grupo = 95,0 com WS=95 veio a seguir.

Um clássico e sempre muito bom. No caso em questão o vinho se mostrou com evolução perfeita e com muitos aromas etéreos; na boca quase mereceu a nota máxima de tão bom. Pode-se dizer que neste caso o vinho não terminou bem: pena que terminou.

E com o término do tinto passamos a um branco de Vendange Tardive (Colheita Tardia) que se mostrou exuberante.

Tokay Pinot Gris Altenbourg Vendanges Tardives 2001, de Albert Mann, França, Alsace, R$ 335,00 (Cellar), RR = 94,0 e Grupo = 93,8 com WS=91. Também adegado há tempos, e este tempo de guarda fez muito bem ao vinho.

Todos sorveram até as últimas gotas de suas respectivas taças. E não sobrou nada de nenhum vinho, apesar de termos a ausência de três membros (foram muito bem lembrados, pois sobrou mais vinho para os que estavam presentes). Todos foram embora bem felizes e até um pouco alegrinhos, visto que os vinhos foram degustados com pão e água apenas.

Deu vontade de beber outros Riesling antigos… pena que são tão difíceis de serem encontrados em nosso país.