Deixando Cheverny, retornamos às margens do rio em direção a Orleans, onde nos dedicaremos ao turismo histórico e artístico. Na Place du Martroi, tiramos fotos ao lado da estátua equestre de Joana D’Arc. A Catedral da Santa Cruz, que domina a cidade em uma elevação, mostra em seus magníficos vitrais a saga da Donzela de Orleans como se fosse uma história em quadrinhos colorida de alto nível. Digno de uma visita prolongada é o Museu de Belas Artes, com sua valiosa coleção de pinturas francesas e italianas.

Agora, se você prefere arqueologia vai encontrar uma rica e esmerada mostra no Musée Historique et Archéologique, no Centro. Depois de explorar essa cidade, seguimos margeando o Loire até o Sancerrois, área situada às margens do rio onde os vinhos brancos da Sauvignon Blanc voltam a imperar. Destacam-se aqui duas denominações: Sancerre e Pouilly-Fumé.

Sancerre, na margem esquerda do rio, é uma região de muitas colinas dispostas em torno de uma elevação quase cônica, no topo da qual se encontra a cidade de Sancerre. Distinguem-se aé três tipos de solos de oeste para leste: (1) as “terras brancas” com predominância calcária, úmida, dando vinhos brancos jovens e aromáticos; (2) o solo calcário seco, pedregoso, com vinhos menos expansivos, porém mais longevos; e (3) solos de silício ricos em sílex, adequados também para rosés e tintos, minoria na região.

Os Sancerre brancos da Sauvignon Blanc são vivos e vigorosos, frutados e vegetais, companhia ideal para queijos de cabra. Pouilly-Fumé, na margem direita, tem somente vinhos brancos da Sauvignon Blanc. Apresenta dois tipos de solos, o calcário de origem fóssil e o argiloso com sílex, entre 250 e 450 metros de altitude, nas comunas de Pouilly, Saint Andelain e Tracy.

Vinhos amarelo-palha esverdeados, florais, cítricos e frutados com notável nuance mineral. Com o tempo acentua-se seu toque discretamente defumado (fumé) que é a assinatura da denominação e que justifica o outro nome da Sauvignon Blanc (blanc fumé). Justifica também sua vocação para acompanhar as ostras e os camarões grelhados com creme de açafrão.

Saímos, então, de Sancerre em direção a Bourges, onde termina nosso périplo pelo Vale do Loire, iniciado em Nantes. Após alguns dias inesquecíveis em torno de palácios, castelos e catedrais, usufruindo da culinária local acompanhada pelos vinhos do Loire, começamos muito bem o ano. Feliz regresso!