Tendo feito o curso de especialização em Vinhos do Porto pela Universidade Católica do Porto, aproveito-me dos ensinamentos recebidos para deixar claro aos não iniciados que existem diferentes e muitos estilos de Porto originados no Vale do Douro, Portugal. Alguns são provenientes de misturas de vinhos base de várias safras (Ruby, Tawny…) e outros são misturas de safra única (Vintage, LBV…). O reconhecimento pelo consumidor é fácil, pois que os primeiros não levam o ano da safra no rótulo, enquanto que os de safra única, sim.

Mesmo no caso da safra única há diferenças a considerar; e uma delas é o tempo de passagem por pipas ou tonéis de carvalho, já que o Vintage estaciona dois anos e o LBV (Late Bottled Vintage), pelo menos quatro anos.

E o que têm eles em comum? São todos tintos doces densos, de alto teor alcoólico, da ordem de 20%.

O Porto Vintage passa, comparativamente, pouco tempo em madeira, sendo suscetível de rápida oxidação depois de aberta a garrafa. É para abrir e beber. Enquanto mantido na garrafa arrolhada parece imortal. Dito isso, gostaria de exaltar aqui alguns Vintages, suprassumo da espécie, limitado, é claro, pelo espaço disponível. Para isso socorro-me mais uma vez do Guia de Neil Becket 1000 vinhos para beber antes de morrer.

Fonseca Vintage Port 1963 – proveniente de vinhas velhas, com plantação mista de várias castas, da empresa José Maria da Fonseca, o Fonseca Vintage 1963 é considerado um dos grandes Portos do século XX que mantinha um aspecto jovem quarenta anos depois de engarrafado. Doce, compotado, achocolatado. Final de boca persistente e potente. Beber até 2040.

Graham’s Malvedos Vintage Porto 1996 – Pioneiro da elaboração moderna de Vinhos do Porto com menos longevidade, vindo de uma única quinta chamada Malvedos. Aroma frutado e floral lembrando violeta, sabor de compota de frutas. Final longo agradável, frutado e adocicado. Abrir até 2026 ou mais um pouco.

Quinta do Noval Vintage Port 1997 – Com belíssima vista para o vale do Douro, a Quinta do Noval passou por várias mãos, desde 1715, até ser vendida, em 1993, pela família Van Zeller para o grupo francês AXA Millesimes, que diminuiu sensivelmente o volume produzido, elevando a qualidade a níveis superlativos. O Vintage Noval 97 marcou o início de uma nova era para a Quinta do Noval. Opulento, aveludadamente doce, achocolatado, final longo e expressivo.

Croft Vintage Port 2003 – Baseou-se nos vinhos da Quinta da Roêda, em Pinhão, Douro. Atualmente é de propriedade da Taylor, cuja equipe aprimorou a viticultura local e reconstruiu a antiga vinícola. Tem tonalidade púrpura, com aromas de compotas de frutas negras, aveludado e denso, cálido, tanicidade domada e final caramelado. Para beber até 2050.

Niepoort Vintage Port 2005 – Apesar da secura do ano 2005 no Douro, o enólogo Dick Niepoort não conteve o entusiasmo: “o melhor Niepoort produzido desde 1945”. Coloração profunda, densidade e intensidade notáveis, notável pureza da fruta. Para beber até 2050 ou até mais.

Todos com um delicioso gosto de “quero mais”, como criança diante de uma mesa de doces…Parabéns pra você!