Luiz Acatauassú Nunes
Diretor na ABS-Rio

Em viagem à Argentina, o grupo da ABS-Rio visitou várias vinícolas nas regiões de Mendoza e Salta – essa última, visitada pela primeira vez por nosso grupo, vem se destacando pela qualidade de seus vinhos de altitude. Como costuma acontecer, a ABS-Rio foi recebida nas vinícolas com toda a atenção devida à nossa representatividade de formadores de opinião. A viagem aconteceu entre os dias 17 e 26 de outubro último e foi muito instrutiva e agradável.

As regiões vinícolas argentinas tradicionais englobam uma extensa área a oeste do país, aos pés da Cordilheira dos Andes, desde o paralelo 22 até o 40 de latitude sul (como referência, nossa cidade de Porto Alegre situa-se na latitude sul 30). As altitudes das áreas vinícolas vão usualmente desde os 350 até 2.300 metros acima do nível do mar. Isso possibilita a existência de uma grande diversidade de vales com características diferentes. A variedade de clima, geralmente desértico, permite cultivar, em cada região, as cepas mais aptas para cada zona. Essas regiões são essencialmente um deserto irrigado pelo homem, utilizando-se as águas frias provenientes das geleiras dos Andes.

MENDOZA é a principal província vinícola produtora argentina (70%), atraindo muitos investimentos internacionais, com ênfase em moderna tecnologia. Sua região central engloba os dois distritos com maior destaque, Maipú e Luján de Cuyo. Foram visitadas, no primeiro dia, as vinícolas: TERRAZAS DE LOS ANDES, com almoço harmonizado e seus vinhos de qualidade internacional, como o Cheval des Andes 2010; a NORTON, grande produtora que alia o volume de produção com a qualidade de várias de suas linhas; no dia seguinte, a OTAVIANO, com almoço harmonizado, constatando-se a notável evolução da sempre superior qualidade dos seus vinhos, como os Parcela; e a LUIGI BOSCA, com seus vinhedos localizados em oito diferentes locais, como o La Linda, com vinhos de destaque.

Vinhedo, em Mendoza, com vista dos Andes

SALTA situa-se a noroeste da Argentina e apresenta vales profundos e de grande altitude. Cafayate é a localidade vinícola mais conhecida da região, abrigando a maior parte desses empreendimentos. Em Salta estão os vinhedos considerados de maior altitude do mundo, como na Colomé, a 3.000 metros acima do nível do mar. Os atrativos turísticos da região são também relevantes, como os cortes multicoloridos nas montanhas. O clima é temperado quente, com 300 dias de sol ao ano, uma grande amplitude térmica entre o dia e a noite, e chuvas escassas. A casta mais cultivada é a branca Torrontés, emblemática da região. Nos tintos, destacam-se o Malbec e o Cabernet Sauvignon, existindo vinhas velhas com mais de 100 anos.

Cidade de Salta com seu teleférico

O grupo da ABS-Rio visitou as vinícolas: PIATTELLI, com almoço harmonizado, onde, além de excelentes Torrontés e Cabernet Sauvignon, é produzido também um corte com Tannat; EL ESTECO, que conta também com produtos de vinhas velhas de altitude (várias castas antigas plantadas e vinificadas conjuntamente); EL PORVENIR, com almoço harmonizado, onde há extensa linha de bons vinhos varietais; YACOCHUYA, com pequena produção focada em alta qualidade, que conta com participação acionária e consultoria de Michel Roland; e COLOMÉ, com almoço harmonizado, em vinícola emblemática de Salta e a mais antiga da Argentina, com vinhos de excelente qualidade, atualmente com cultivo biodinâmico.

Vinhedo de Altitude em Salta