Existem combinações com vinho que podem ser até mais prazerosas do que as dos costumes originais como provam os exemplos a seguir extraídos do livro Harmonização (Editora Mauad, Rio, 190 páginas, atualização ortográfica de 2015, www.mauad.com.br), de minha autoria. Confira:

“A tradição chinesa de se beber chá com as entradas Dim-sum cozidas no vapor não nos impede de ajustá-la; em vez disso, a um branco seco leve e frutado como Pinot Grigio, Orvieto ou Frascati, com vantagem evidente.”

“Alcança-se excelente resultado se, em vez de fazer como os russos, que aliam o caviar à vodca,  acompanhá-lo com espumante ou Champagne. A perlage inibe a alteração do hálito pelo gosto de maresia das ovas e a acidez do vinho se contrapõe à sua untuosidade. Acho melhor assim.”

“Os suecos combinam seu gravadlax – pasta de salmão recheada com salsinhas e mustarda – com a aguardente aqvavit. Mas ele vai melhor entre nós – que não temos o mesmo inverno tão frio –  com um Chardonnay amadeirado ou com um bom rosé jovem e frutado, bem fresco.”

“A juventude americana globalizada celebra o casamento dos hambúrgeres com as colas (Coca, Pepsi…). Uma resposta adulta, mais adequada, pode-se obter com um tinto simples, tipo Gamay ou Bardolino, refrescado.”

“Os escoceses têm no haggis – pasta de miúdos de carneiro – seu prato nacional, e muitos se atrevem a combiná-lo com whisky. Mas um Merlot jovem, frutado, de médio corpo, inclusive da Serra Gaúcha, responde à altura, com muito menos álcool.”

Last but not least cita o costume dos gregos de acompanhar a baclava – musse de queijo, mel e passas – com café. Por mais brasileiro que eu seja, torcedor do café, portanto, não descarto a possibilidade de ter ao lado uma colheita tardia, mais doce do que ele. Humm…