Joseph Morgan Jr.
Professor e monitor da ABS-Rio e Embaixador dos Vinhos de Bordeaux pelo Conseil Interprofessionnel du Vin de Bordeaux

Toskana

A Toscana é uma região muito representativa no cenário vitivinícola italiano. É a terra da sangiovese, principal variedade do Chianti e também de seu clone o brunello, que produz o primo rico do Chianti, o Brunello de Montalcino. Entre as variadades brancas, destaque para a Trebbiano Toscana e Malvasia Branca. Localizada na região centro-norte é banhada pelo mar da Ligúria, fazendo fronteira com a Emília-Romana ao norte e Marche e Úmbria à leste.

A região do Chianti se situa entre Siena e Florença, possuindo o adjetivo de Clássico, quando localizada na parte mais central e de tradição histórica, sendo regulada pelo consórzio Chianti Classico del Gallo Nero. Nas diversas colinas que circundam o Chianti, ficam as DOC (Denominação de Origem Controlada) controladas pelo consorzio del Chianti Putto, sendo 7 ao todo.

Não podemos falar da Toscana, sem mencionar os foras-da-lei, aqueles produtores que inconformados com as rígidas regras do DOC, resolveram abrir mão do apoio legal e suas vantagens. Partiram para novas tentativas fazendo uso de variedades como cabernet sauvignon, merlot, cabernet franc, dentre outras, além de fazer novos cortes e uso de técnicas de amadurecimento em barricas de carvalho francês. Dessas experiências surgiram grandes ícones da vinicultura italiana, apelidada pelo mercado anglo-saxônico de super-toscanos. Como exemplo, temos o Tignanello, primeiro vinho de sangiovese a ser envelhecido em barricas francesas. Os Super-Toscanos são vinhos estruturados, ricos em aroma e sabor, além de muito longevos. Inicialmente enquadrados como Vino da Távola, atualmente são IGT (Indicação Geográfica Típica), Rosso di Toscana, por serem considerados representativos em termos regionais.

Ser classificado como DOC ou DOCG (Denominação de Origem Controlada e Garantida) implica em respeitar uma série de determinações dos conselhos reguladores, tais como rendimento máximo, variedades permitidas, composição das misturas (corte), tempo de amadurecimento e envelhecimento. As regras do DOC buscam preservar a tipicidade e qualidade, mas na prática nem sempre isso acontece. Por isso, sugiro que se busque referências sobre os produtores em guias e revistas especializadas, de preferência italianas, pois ninguém melhor que os italianos para julgar e avaliar seus próprios vinhos. Como referência sugiro o Gambero Rosso (link neste blog), guia italiano associado ao movimento slow food (isso é assunto pra outro artigo) e que classifica o vinho com uma, duas ou três taças, conforme aspectos qualitativos em degustações realizadas às cegas com mais de 15.000 amostras analisadas anualmente. E não se esqueçam: nada como um bom Chianti para acompanhar uma bela macarronada com molho de tomate.